Em busca de compreender um pouco mais sobre minha fotografia, passei a meditar e observar porque eu gostava tanto de fotografar uma festa infantil.
Não é todo fotógrafo que curte essa história de abaixa, levanta e corre atrás de criança. Eu ainda não compreendia muito bem o porquê aquilo me contagiava tanto.
Hoje tenho um pouco mais de clareza que a fotografia infantil é divertida e necessita de esforço, muito empenho, dedicação e isso são coisas que me atraem.Gosto de trabalhar duro, batalhar, me esforçar e gosto da liberdade e alegria das crianças. Essa liberdade me permite ser quem eu sou, expansiva e animada. As crianças são quem são e ponto final!
No início da minha caminhada na fotografia, eu ficava totalmente submergida no universo infantil e aos poucos fui entendendo que precisava equilibrar isso para não deixar de fora nenhuma foto protocolar que fosse importante para os pais da criança.
Costumo realizar um questionário e saber antes da festa que foto é importante para aquela família. Explico um pouco da minha metodologia e experiência, para que a mãe entenda um pouco mais do meu jeito de trabalhar, no qual eu não invado “agressivamente” com a câmera o espaço da criança.
Primeiro eu tento ganhar a confiança e simpatia da criança e depois vou partindo para os objetivos fotográficos. Procuro registrar de uma forma mais discreta a chegada da família, depois tento me apresentar e raramente me apresento como fotógrafa, evito também a palavra foto.
As primeiras fotos busco que sejam feitas de forma natural e leve, apesar de serem as mais protocolares e posadas, pois são as na mesa do bolo. Caso a criança se recuse e eu perceba uma certa perturbação, prefiro que sejam feitas em outro momento, e claro pode acontecer de não conseguirmos, por oposição da criança, fazer exatamente como queríamos: todos bonitinhos e posadinhos atrás da mesa.
O trabalho sempre flui melhor quando a mamãe não fica apegada ao tradicional e ao que ela gostaria, mas compreende o momento da criança e me deixa trabalhar livre com as possibilidades do momento. A realidade é que a criança não está ali para ser fotografada. Ela quer apenas curtir e aproveitar o máximo daquele dia especial e, por esse motivo, eu entendo que não posso deixar de ter essa sensibilidade e empatia com o aniversariante.
Uso alguns artifícios para ir conquistando aos poucos: adesivo, adereços na câmera, brinco, carrego nas costas, tudo por uma conexão real e verdadeira.
Essa conexão é meu combustível, porque ela me move! Em várias ocasiões, as mães me disseram que foi o filho(a) quem solicitou minha presença e, na maioria das vezes, eram crianças que nem gostavam de serem fotografadas, mas que se sentiam à vontade com a minha presença. Teve uma vez que não pude fazer a festa da Paulinha, ela me encontrou em outra festa, foi logo me perguntando: Tia, por que você não foi na minha festa? ! Nossa, quase chorei de emoção.
Não quero ser lembrada só pela minhas fotos boas, mas também pela minha forma de trabalhar, pela maneira como trato as crianças.
Fotos boas muitos fotógrafos fazem!