11/08/2020 às 19:31

Projeto (Re)Ver

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O projeto Rever começou de uma maneira leve e sem muitas pretensões. Eu nunca tinha me imaginado fotografando feminino. O ano de 2018 foi intenso nos estudos fotográficos, eu estava muito imersa num curso de 1 ano promovido pela Nossa Escola de Fotografia e foi nesse curso que tive a oportunidade de conhecer e ver mais de perto muitas áreas da fotografia que eu ainda não tinha tido contato.

Um dos módulos era com o fera dos retratos femininos: Rodolfo Coelho. Ele nos mostrou um lado tão sensível e belo da fotografia feminina, que me fez ter outro olhar. E para treinar as dicas e técnicas aprendidas resolvi presentear a minha mãe com um ensaio fotográfico.

Foi tenso, porque minha mãe estava ansiosa, pois, na época, tinha uma baixa autoestima muito grande. Eu percebi que procrastinava para fazer o ensaio porque tinha medo de não conseguir fazer minha mãe se achar bonita nas fotos.

De repente, um dia à tarde sem muita programação, minha mãe mandou uma mensagem: Tem luz entrando da janela aqui na sala! Peguei a câmera e fui correndo aproveitando que somos vizinhas, aquele era o momento!

Ela estava nervosa e eu também, ficava tentando me lembrar das instruções do mestre Rodolfo, sobre não precisarmos de um espaço grande e bonito, basta saber usar a lente e enquadramento certo para gerar boas imagens em espaços pequenos e sem muito glamour. Para dirigir foi mais tensão. Eu tentava falar coisas para descontrair e deixa o momento mais leve e alegre, para assim alcançar imagens mais naturais. O ensaio não pode ter como base só fotos bonitas, a experiência do momento precisa ser boa, é um conjunto.

No mesmo dia tratei e entreguei o resultado final para minha mami. Perguntei para ela o que ela via, e ela me disse: Que estou ficando velha, mas que ainda há beleza! Fiquei muito feliz com o resultado, pois não fiz tratamento de pele elaborado, o que ela viu foi uma imagem mais fiel possível ao que ela realmente era: uma mulher com seus 53 anos linda, as marcas da idade também fazem parte das lutas e conquistas que ela enfrentou no  percurso da vida, e isso é uma parte bem bonita da história. O mais interessante foi ela me contar o quanto aquelas fotos a ajudaram  a melhorar sua autoestima. E isso me fez refletir sobre ajudar outras mulheres também, sobre me ajudar por meio dessas mulheres.

Sobre mostrar para elas o quanto elas são especiais e podem ter um momento de olhar para si através do meu olhar sobre elas. Muitas pensam que o ensaio é para mulheres que saibam fotografar e fazer caras e bocas, eu digo: O ensaio é para todas! Todas as mulheres merecem um dia para se ver e se achar linda e olhar para sua história e ter orgulho de si mesma. Olhar para suas marcas e imperfeições e saber que elas também fazem parte de quem somos e da nossa história.

Não é sobre ser bonita, é sobre se amar, ser generosa consigo mesma, não achar que você precisa fazer parte de um padrão imposto para se achar linda, você é linda, é sobre rever-se.

E eu agradeço de uma forma muito especial a todas as mulheres que permitiram se ver a partir das minhas lentes, principalmente a minha querida amiga Raquel Amaral, que mesmo já tendo sido fotografada por um fotógrafo especialista no assunto, veio tempos depois ser fotografada por mim e se entregou de uma forma tão linda nas ruas de Santa Tereza, que foi a responsável pelo nome Rever. Posteriormente, minha parceira designer Mariana Taboada desenvolveu a logo do projeto, após ser fotografada. Isso se chama sororidade.

“Fotografar é o processo de descobrir o outro e, através do outro, a si mesmo!”- Claudia Andujar

11 Ago 2020

Projeto (Re)Ver

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